sexta-feira, 29 de março de 2013

A SEMANA SANTA


As missas da Semana SantaDo domingo à quinta-feira de manhã da semana santa há missas especiais que celebram o mistério litúrgico e preparam para o grande tríduo pascal, principal momento litúrgico do ano.

Missa do Domingo de Ramos
Destacamos a missa do Domingo (realizada já no sábado ao fim do dia e no decorrer de todo o domingo) que é a tradicional Missa de Ramos, ou Missa do Domingo da Paixão do Senhor. Com ela chegamos a Jerusalém e assim, encerramos a Quaresma. Por meio dela celebramos estes dois mistérios da vida do Senhor: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e a  Paixão do Senhor. A missa em seu rito normal é celebrada em dois momentos, dividido por meio de uma procissão, ou peregrinação.

Em sua primeira parte celebramos o rito da entrada triunfal, seu mistério. Em seguida vamos em procissão para a Igreja ou local onde ocorrerá a missa principal, e ali, já não celebramos mais o mistério anterior, passamos a celebrar durante a liturgia da Palavra: o mistério da Paixão e Morte de Cristo. Terminada a Liturgia da Palavra segue os ritos da missa celebrando todo este rico mistério .

Missas da Segunda a Quarta-feira santa
Nestas missas através da Liturgia da Palavra se vai aproximando do mistério, se medita e aprofunda os eventos que antecederam a Paixão do Senhor.

Na segunda-feira santa, seis dias antes da páscoa, refletimos sobre o perfume derramado aos pés de Jesus em Betânia, evento ocorrido neste período.

Na terça-feira e na quarta-feira santa, refletimos sobre Judas que sai da companhia do Senhor e apóstolos para acertar a traição de  Jesus.

Na quarta-feira santa, refletimos sobre os momentos imediatamente anteriores à Paixão. A preparação da ceia, e a preparação da traição.

A Missa dos Santos Óleos Esta missa da semana Santa é realizada na manhã da quinta-feira santa, não faz parte do Tríduo santo e é realizada em memória da instituição do novo sacerdócio, sendo celebrada como missa da unidade de todo o clero e seu pastor o bispo. Nesta missa participam todos os sacerdotes, diáconos e bispos auxiliares da diocese, e ali juntos ao seu bispo renovam seus votos. Nesta missa também são abençoados/consagrados pelo bispo os santos óleos que serão utilizados no batismo, na crisma, unção dos enfermos e ordenação.

O TRÍDUO PASCAL
Breve explicação sobre o Tríduo Pascal
  Até o fim do século III a páscoa foi a única festa anual da Igreja, O desenvolvimento da celebração anual da páscoa acontece a partir da Vigília pascal, que celebra a morte e a ressurreição, ou melhor, a passagem da morte para a vida de ressurreição.

  O Tríduo pascal é a realidade da Páscoa do Senhor, celebrada solenemente em três grandes dias especiais: a sexta-feira santa, sábado santo e Domingo de Páscoa; Porém vale entender algo importante, o tríduo em si, começa na quinta à noite (liturgicamente já são as I vésperas da sexta), e segue até o sábado à noite na vigília do domingo ( que liturgicamente já são as I Vésperas do domingo). Diremos assim que as três grandes celebrações do Tríduo são a Missa do Lava-pés,  a Celebração da morte do Senhor e a Solene Vigília Pascal.

Cada dia do Tríduo lembra o outro, abre-se sobre o outro, assim como a idéia da ressurreição supõe a da morte. Todo o Tríduo pascal converge para a celebração da vigília na noite santa do sábado. O Tríduo pascal da paixão e da ressurreição do Senhor, inicia-se com a Missa na Ceia do Senhor, tem seu ponto alto na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo de Ressurreição.

   Não podemos entrar no espírito das celebrações destes dias, no mistério profundo da Páscoa, se nos atemos somente a aspectos parciais das celebrações, dados históricos e, até mesmo ao aspecto devocional por cada um dos momentos da vida do Senhor. Para entrar no verdadeiro mistério da Páscoa, necessitamos unicamente da graça do Espírito Santo, que nos fará colher em nossos corações a unidade e a totalidade deste mistério.

A MISSA DO LAVA-PÉS E DA SANTA CEIA


     A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja segui-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.

     E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.

     Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus 'sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava', mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhida inalcançável.

     São Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristia.

     A Santa Missa é então a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, um dia como hoje, na véspera da sua paixão, "enquanto ceava com seus discípulos tomou pão..." (Mt 26, 26).

     Ele quis que, como em sua última Ceia, seus discípulos se reunissem e se recordassem dEle abençoando o pão e o vinho: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19).

     Antes de ser entregue, Cristo se entrega como alimento. Entretanto, nesta Ceia, o Senhor Jesus celebra sua morte: o que fez, o fez como anúncio profético e oferecimento antecipado e real da sua morte antes da sua Paixão. Por isso "quando comemos deste pão y bebemos deste cálice, proclamamos a morte do Senhor até que ele volte" (1Cor 11, 26).

     Assim podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial não tanto da Última Ceia, e sim da Morte de Cristo que é Senhor, e "Senhor da Morte", isto é, o Ressuscitado cujo regresso esperamos de acordo com a promessa que Ele mesmo fez ao despedir-se: "Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis" (Jo 16, 16).

     Como diz o prefácio deste dia: "Cristo verdadeiro e único sacerdote, se ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda em sua comemoração". Porém esta Eucaristia deve ser celebrada com características próprias: como Missa "na Ceia do Senhor".

     Nesta Missa, de maneira diferente de todas as demais Eucaristias, não celebramos "diretamente" nem a morte nem a ressurreição de Cristo. Não nos adiantamos à Sexta-feira Santa nem à noite de Páscoa.

     Hoje celebramos a alegria de saber que esta morte do Senhor, que não terminou no fracasso mas no êxito, teve um por quê e um para quê: foi uma "entrega", um "dar-se", foi "por algo"ou melhor dizendo, "por alguém" e nada menos que por "nós e por nossa salvação" (Credo). "Ninguém a tira de mim, (Jesus se refere à sua vida) mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la." (Jo 10, 18), e hoje nos diz que foi para "remissão dos pecados" (Mt 26, 28c).

     Por isso esta Eucaristia deve ser celebrada o mais solenemente possível, porém, nos cantos, na mensagem, nos símbolos, não deve ser nem tão festiva nem tão jubilosamente explosiva como a Noite de Páscoa, noite em que celebramos o desfecho glorioso desta entrega, sem a qual tivesse sido inútil; tivesse sido apenas a entrega de alguém mais que morre pelos pobres e não os liberta. Porém não está repleta da solene e contrita tristeza da Sexta-feira Santa, porque o que nos interessa "sublinhar" neste momento, é que "o Pai entregou o Seu Filho para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3, 16) e que o Filho entregou-se voluntariamente a nós apesar de que fosse através da morte em uma cruz ignominiosa.

     Hoje há alegria e a Igreja rompe a austeridade quaresmal cantando o "glória": é a alegria de quem se sabe amado por Deus; porém ao mesmo tempo é sóbria e dolorida, porque conhecemos o preço que Cristo pagou por nós.

     Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor por Ele. Entretanto predomina o gozo porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que dá e se entrega com amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.

     Podemos dizer que hoje celebramos com a liturgia (1a. Leitura) a Páscoa. Porém a da Noite do Êxodo (Ex 12) e não a da chegada à Terra Prometida (Js 5, 10-ss).

     Hoje inicia a festa da "crise pascal", isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte mas sim combatida por ela.

     A noite do sábado de Glória é o canto à vitória, porém, tingida de sangue, e hoje é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor.

   Nesta missa, celebramos de modo especial a santa ceia de Cristo, ocorrida logo antes de sua agonia e prisão. Nesta ceia foi instituída da Eucaristia, do novo Sacerdócio de Cristo e do Novo Mandamento "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".

É bem tradicional que durante o glória, que hoje voltou a ser cantado, após toda a quaresma, se tocam os sinos existentes na Igreja. Após o Evangelho, e seguindo o que foi proclamado ali, ocorre a cena do lava-pés, aqui o   sacerdote a exemplo de Cristo lava os pés de suas ovelhas, em atitude de serviço e amor.

Seguindo os ritos de modo solene, já não se tocará mais os sinos. E a presença do Santíssimo Sacramento que ocorre durante a consagração das espécies passa a ser acompanhada de matraca.

As reservas eucarísticas ao final do rito de comunhão são guardados para a celebração da sexta-feira, quando não ocorrerá missa, e em vez de se despedir o povo no final, os fiéis seguem com o sacerdote em procissão até a capela onde serão guardados o Santíssimo Sacramento. Os fiéis permanecerão, revezando-se, até meia noite em adoração ao santíssimo, velando pelo Senhor que nesta noite sofria extrema agonia. Em algumas igrejas esta adoração é realizada até o outro dia pela manhã, embora não seja o mais adequado.

Na noite deste dia não se deve haver festas ou celebrações festivas. Mas clima de piedade e recolhimento.

Vamos entrar um pouco no sentido do que falamos:
Como já dissemos, o Tríduo Pascal inicia-se com a missa IN CENA DOMINI (na Ceia do Senhor), esta celebração faz memória da ultima ceia, onde Jesus institui a Eucaristia, o sacerdócio e nos da um novo mandamento: o Amor. Este dia apresenta-nos o momento sacramental do mistério, ou seja, por ele a presença do Senhor acontece e se perpetua através dos tempos. Tudo o que vamos viver nos dias do tríduo a Quinta Santa, nos transmite em sua dimensão ritual. A Instrução Geral do Missal Romano diz: “Na ultima ceia, Cristo instituiu o sacrifício e o banquete Pascal, por meio do qual se tornou continuamente presente na Igreja, no momento em que o Sacerdote, age na pessoa de Cristo, realiza aquilo que o próprio Senhor fez e confiou pra que aos seus discípulos, para que o fizessem em sua memória.

  A Liturgia da Palavra deste dia nos apresenta leituras que nos falam do rito pascal do Antigo e do Novo Testamento, tendo no centro a ceia celebrada por Jesus com os apóstolos, que funciona como dobradiça entre a páscoa ritual hebraica e a cristã. Nesse contexto acontece o rito do lavapés, que nos ajuda a compreender melhor o grande e fundamental mandamento da caridade fraterna.

  As orações deste dia sublinham o caráter nupcial e sacrifical do banquete da Eucaristia; o seu memorial do sacrifício do Senhor e pede para que possamos atingir a plenitude da caridade. Toda esta celebração deve ser calcada num tom de alegria, pois, o Senhor estava alegre: “Desejei ardentemente comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer” (Cf. Lc 22, 15).

  Ao terminar a missa as sagradas espécies são recolhidas e conduzidas solenemente para um lugar preparado, a fim de serem adoradas e conservadas para a comunhão na Sexta-feira Santa. Esta noite é consagrada a lembrança da Eucaristia, a Igreja, com sinal da adoração quer sublinhar esse aspecto derivado e dependente da missa: a presença do Senhor nas espécies eucarísticas. A adoração termina antes da meia-noite, para respeitar o significado da celebração própria destes dias. Nesta hora, substitui-se a lembrança da Eucaristia pela recordação da traição, prisão, da paixão e da morte de Cristo.

 A SEXTA-FEIRA SANTA, “PAIXÃO DO SENHOR”. 

  Quando falamos de Sexta-feira Santa, o que vem a nossa mente? Sofrimento, dor, tristeza, luto... A sexta feira da “Paixão do Senhor”, não deve ser considerada como um dia de pranto, mas de amorosa contemplação do sacrifício cruento de Jesus, fonte da nossa salvação. Neste dia, a Igreja não faz nenhum funeral, mas celebra a morte vitoriosa do Senhor.

  Segundo antiqüíssima tradição da igreja, neste dia a Igreja não celebra a Eucaristia; o alimento fundamental e universal da liturgia deste dia é a liturgia da Palavra. O ato litúrgico deve ser celebrado às três horas da tarde, a hora da morte de Jesus.

  Antes de mergulharmos no rito vamos mergulhar um pouco na espiritualidade deste dia. Hoje celebramos o Filho de Deus “que toma sobre si as nossas dores” . O Abaixamento do Senhor até a Morte e morte de cruz, Deus se fez homem e sofre, levando sobre si o nosso pecado. Neste dia é comum celebrar em nossa Comunidade, a Via Sacra e através da meditação podemos perceber o caminho que Jesus tomou. Quando contemplamos que o Senhor cai no caminho da cruz, meditamos que ele se abaixa até nos e nos ergue em nossas quedas. A cruz de Jesus é para nós neste dia, o sinal da nossa salvação. Não haverá a ressurreição se antes não se passar pela cruz, que o Senhor nos convida a tomar para segui-Lo (Cf. Mc 8,34).

  O Rito da Sexta-feira Santa é composto de três partes:

Liturgia da Palavra – Adoração da Cruz – Comunhão 

LITURGIA DA PALAVRA 

  Esta primeira parte do rito conserva uma antiqüíssima forma de se ouvir e meditar a palavra. Depois da prostração e de uma breve oração, procede-se imediatamente às leituras. É muito importante que seja conservado o silencio sagrado, a fim de que tudo possa convergir para a palavra.

  Após breve homilia, tem inicio a solene oração dos fieis, para as intenções da Igreja e do mundo. A Igreja que tem como chefe Cristo, sumo e único sacerdote, em nome e por meio do seu chefe, apresenta ao Pai, as suas grandes intenções. Neste momento toda a família da Igreja é levada aos pés da Cruz, na qual Cristo morre por todos. A assembléia iluminada pela palavra de Deus, abre-se a caridade, orando: 1) pela santa Igreja; 2) pelo papa; 3) por todas as ordens sacras e por todos os fieis; 4) pelos catecúmenos; 5) pela unidade dos cristãos; 6) pelos judeus; 7) pelos não cristãos; 8) por aqueles que não crêem em Deus; 9) pelos governantes; 10) pelos atribulados. A oração dos fieis conclui a Liturgia da Palavra.

A ADORAÇÃO DA CRUZ  

  Neste momento iniciaria a liturgia eucarística, mas na Sexta-feira a Igreja não celebra a ceia do Senhor, pois, está concentrada no seu sacrifício cruento por este motivo fazemos a adoração da cruz. O Rito nasce como conseqüente ao ato da proclamação da paixão de Cristo. A Igreja ergue o sinal da vitória do Senhor, como que para concretizar a palavra que diz: “quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Cf. Jo 112, 32). Neste dia a Igreja faz um hino de louvor e glorificação a Cruz. A liturgia deste momento já celebra Jesus Cristo vencedor da morte. A Igreja concede indulgências àqueles que neste dia honrarem a cruz exposta nas Igrejas com o ósculo santo . 

A COMUNHÃO 

  São trazidas para o altar, as espécies eucarísticas, o Celebrante convida a todos para a oração do Pai Nosso e após a mesma distribui a comunhão (lembremos que as partículas foram consagradas no dia anterior). O solene ato litúrgico, acaba com uma oração e uma bênção sobre o povo.

O JEJUM PASCAL

  Como sinal exterior de participação no sacrifício pascal de Cristo, “para que a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (Cf. II Cor 4,11), e como sinal de que “chegaram os dias em que o noivo foi retirado” (Cf. Lc 5, 33ss), a Sexta-feira Santa é dia de Jejum. O Jejum Pascal não é um elemento secundário, mas uma parte integrante do Tríduo.

O SÁBADO SANTO

  O Missal romano apresenta o sábado da seguinte maneira: neste dia, “a Igreja fica parada junto ao sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, abstendo-se da celebração da Eucaristia (A mesa fica sem ornamentos) até a vigília ou expectativa noturna da ressurreição. Neste dia a Igreja convida os fieis ao silencio e a meditação. O mistério de Cristo no sepulcro, torna-se convite para meditar no mistério de Cristo escondido no mistério do Pai. Vamos neste dia estar junto com as mulheres as portas do sepulcro (Cf. Mt 27,61). Todo fiel é chamado a contemplação, nutrindo no coração a esperança. Este sábado é um convite para “retirar-se para o deserto” afim de escutar o Senhor por meio da oração silenciosa.

  Hoje o olhar da igreja se volta para a Virgem Maria, com ela a alegria de viver e a coragem de esperar são reencontradas.

A ESPIRITUALIDADE DA VIGÍLIA PASCAL E DO DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

“Esta é a noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor”.Preconio pascal

  Lancemos um olhar sobre a noite do Sábado Santo. No Credo professamos a respeito do caminho de Cristo: “desceu a mansão dos mortos”.  Não conhecemos o mundo da morte e podemos representá-lo com imagens que são insuficientes. Mesmo assim elas nos ajudam a entender algo do mistério.

     A liturgia aplica a decida de Jesus na noite da morte as palavras do Salmo 24 (23): “Levantai, ó portas, os vossos dintéis, levantai-vos ó pórticos eternos!” A porta da morte está fechada e ninguém pode voltar dali para trás. Para esta porta não há chave. Cristo, porem, possui a chave, a sua Cruz abre de par em par as portas da morte. Elas agora já não são intransponíveis. A sua Cruz, a radicalidade do seu amor é a chave que abre esta porta.

      O amor de um Deus que se fez homem, pobre e vulnerável para poder morrer, só este amor tem a força para abrir esta porta e transpor todas as outras assim como fez o Ressuscitado quando apareceu aos discípulos (Jo 20, 19ss). Este amor é mais forte do que a morte e nada pode apagá-lo. Ele pode tudo mudar, mesmo as situações de morte, pode fazer passar da Morte para a Vida; do Homem Velho com seus vícios e pecados, para o Homem Novo que confia em Deus e faz dele o seu Senhor.

 Os ícones pascais podem nos ajudar a entender melhor o que acontece nesta noite: Cristo entra no mundo dos mortos cheio de luz, porque Deus é luz. Ele traz consigo suas chagas gloriosas, aquelas que antes o desfiguraram e o deixaram até mesmo sem aspecto humano 8, são agora poder de Deus, o Amor que vence a Morte.

     Ele encontra Adão e todos os outros que esperam na noite da morte. Na sua encarnação o Filho de Deus se tornou uma só coisa com o ser Humano, Adão9, porem só neste momento se cumpre o extremo ato de amor, descendo na noite da morte, Ele cumpre o caminho da encarnação. É pela sua morte, que Ele toma Adão, caído pelo peso do pecado, pela mão e leva todos os homens em expectativa para a luz. Jesus aqui restabelece a união do homem com Deus10. Também nós nesta noite saímos de nossas mortes pessoais, tomados pela mão de Jesus, somos ressuscitados com Ele.

 Poucas celebrações litúrgicas são tão ricas de conteúdo e de simbolismo como a vigília Pascal, ela é o coração de todo o ano litúrgico e dela se irradiam todas as outras celebrações, nesta noite Santa a Igreja celebra de modo sacramental mais pleno, a obra da redenção e da perfeita glorificação de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, tornado para nós um novo Adão, ao pagar nossa culpa se entregando a Morte e morte de Cruz.

 Para compreendermos melhor o significado e valor desta Vigília, devemos mergulhar na antiqüíssima tradição da igreja que nos recorda: “Esta é a noite de vigília em honra do Senhor (Ex 12,42). Nesta noite os fieis trazem consigo suas lâmpadas acesas assemelhando-se àqueles que esperam o Senhor no seu retorno, de maneira que quando Ele chegar os encontre ainda vigilantes e os faça sentar á sua mesa (Lc 12,35ss).

  A Solene Vigília Pascal, tem origem na primeira páscoa, a noite em que do Egito o Senhor retirou os filhos de Israel, transpondo o mar vermelho a pé enxuto rumo, à terra onde corre leite e mel. Durante esta vigília os israelitas celebrando o rito pascal, faziam memória da salvação realizada por Deus nos eventos do êxodo. “Este dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão uma festa para o Senhor; vocês celebrarão como um rito permanente de geração em geração” (Cf Ex 12,14). Esta celebração tinha o caráter de memória-presença-expectativa. Os hebreus esperavam o cumprimento das promessas de Deus de tirá-los da terra estrangeira, levá-los à terra prometida e enviar o messias.

     Na páscoa Cristã, a estrutura teológica da vigília pascal (memória-presença-expectativa) não muda, mas se enriquece com a realidade que é Cristo, o Ressuscitado que passou pela Cruz.

     A celebração cristã, é enriquecida pela certeza de que vivemos a páscoa junto com o Senhor, que nos ensina que para chegar à  ressurreição da vigília, deve-se antes passar pela morte da Sexta-feira Santa, ou seja, não há vida nova e ressuscitada sem a Cruz que o Ressuscitado nos apresenta como a chave para todas as portas e, a cura para todos os nossos males, a manifestação mais plena do poder de Deus e do Seu Amor.

 Diz o precônio pascal: “Esta é a noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor.” De fato esta é a grande noite, nela somos feitos livres de todo o pecado que nos trouxe a morte, graças a um tão grande Redentor, que em si mesmo destruiu o pecado e rompeu o inferno. Nesta noite a coluna luminosa dissipa toda a treva e, congrega um povo novo, fruto da obra do Ressuscitado que passou pela Cruz. Por isso Santo Agostinho já dizia: “esta é a mãe de todas as vigílias!”

 Como já dissemos antes, a celebração desta vigília é repleta de símbolos que necessitam ser compreendidos se queremos celebrar bem esta noite Santa. É exatamente isso que iremos discorrer nesta segunda parte.

DESENVOLVIMENTO DA VIGÍLIA PASCAL:

     Toda a celebração da Vigília Pascal desenvolve-se a noite, esta deve começar pouco depois do inicio da noite e terminar antes do nascer do sol. Desde o inicio, a Igreja celebra a Páscoa anual, solenidade das solenidades com uma vigília noturna.

     A ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa Fé, por meio do Batismo e da Crisma, fomos inseridos no mistério pascal de Cristo. A celebração do mistério desenvolve-se do seguinte modo: após o “lucernário11” e o “precônio12” (I parte da vigília), a Santa Igreja medita “as maravilhas” que o Senhor fez para o seu povo desde o inicio (II parte ou liturgia da palavra), até o momento em que com seus membros13 regenerados no batismo (III parte da vigília), é convidada à mesa que o Senhor preparou para o seu povo, memorial de sua morte e ressurreição, em expectativa para sua vinda gloriosa (IV parte da vigília). Este esquema não pode ser alterado.

I Parte – Solene Inicio da Vigília ou Lucernário

     A primeira parte da vigília celebra a luz, Cristo, de um modo particular com a sua ressurreição é a luz do mundo (Jo 1, 9). Cada um de nós que tomamos parte nos sacramentos somos constituídos “luz do Senhor” (Ef 5,8). Este rito inicial compreende: a bênção do fogo, preparação do círio, procissão e anuncio pascal.

     Antes de benzer o fogo o sacerdote saúda o povo, explicando brevemente o significado da vigília: se trata de reviver a páscoa do Senhor, na escuta da palavra e na participação aos sacramentos: e Cristo Ressuscitado confirmará a esperança de participar em sua vitória e de viver em Deus com Ele.

     Após esta admoestação o sacerdote benze o fogo novo, esta bênção significa o desejo de que as festas pascais ascendam em nós o desejo do céu, renovem o nosso espírito e nos guiem para a vida eterna. O círio pascal é aceso14. Depois de aceso o círio é conduzido solenemente até o altar, por um diácono ou pelo sacerdote celebrante, seguido em procissão pelo povo. Até este momento o templo deve permanecer escuro, apenas a luz do círio deve brilhar em meio as trevas, assim como Cristo Ressuscitado brilha.

     Nesta luz são acesas as velas do povo, enquanto se canta três vezes sucessivas: “Eis a luz e Cristo.”e o povo responde: “Demos graças a Deus”. O círio é colocado perto do ambão e o diácono então proclama solenemente a páscoa com o precônio pascal, com esta oração de ação de graças é proclamada a Páscoa, nela louvamos a Deus pela Ressurreição do Seu Filho e pela vida nova que Ele nos concedeu, lembrando de todos os feitos realizados por Ele desde o êxodo do Egito até os dias atuais.

II Parte – Liturgia da Palavra

     Depois da bênção do fogo, a Igreja medita nas maravilhas que Deus realizou em favor de seu povo confiando em sua palavra e suas promessas. Nesta noite, cumprem-se em Jesus Cristo morto e Ressuscitado as grandes obras de Deus, anunciadas no Antigo testamento.

     O símbolo do círio dá lugar à realidade de Cristo, presente em sua palavra. A Igreja, começando por Moises e todos os profetas, interpreta o mistério pascal de Cristo. Para esta celebração são propostas nove leituras (sete do Antigo Testamento e duas do novo, sendo uma das Cartas de São Paulo e outra do Evangelho). Terminadas as leituras do Antigo Testamento, canta-se solenemente o Gloria e pronuncia-se a oração coleta15. Após esta oração lêem-se as leituras do Novo testamento, em sinal da passagem do Velho para o Novo, da Morte a Vida em Jesus Cristo.

     Neste dia voltamos a cantar o Aleluia, que é entoado solenemente pelo sacerdote presidente. Após a proclamação do Evangelho, o presidente da celebração faz a homilia.

III Parte – Liturgia Batismal

     Segundo uma antiqüíssima tradição, nesta noite os catecúmenos16 recebiam após uma intensa preparação o Sacramento do Batismo e eram de fato admitidos a fé da Igreja. O batismo nos torna um com Cristo, nos insere em seu corpo, pela graça deste sacramento somos sepultados e ressuscitamos com o Senhor.

     O rito desenvolve-se da seguinte forma: canto da ladainha de todos os santos (onde se pede a intervenção do céu e se lembra a comunhão dos santos que estamos inseridos pela graça batismal), bênção da água batismal (a água nos lembra a morte para o pecado e a vida nova em Cristo). Apos esta bênção, administra-se o Batismo e a assembléia renova as suas promessas batismais, depois todo o povo é aspergido com água para lembrar o batismo que todos receberam.

IV Parte – Liturgia Eucarística

     Este é o ápice da vigília, é de maneira plena o sacrifício da Páscoa, isto é, memorial do sacrifício da cruz e da presença do Ressuscitado, plenitude da iniciação cristã e antecipação da páscoa eterna.

     A Eucaristia é de fato o Sacramento do Ressuscitado, por ela o Senhor realiza a sua promessa de estar sempre conosco ate o fim. Pela Eucaristia rendemos a ação  graças e o sacrifício perfeito: pão da vida eterna e cálice da bênção: Jesus Cristo o Filho de Deus vivo, Ressuscitado que passou pela Cruz.

As missas que se seguem neste dia

  Com o Domingo inicia-se o Tempo Pascal, a liturgia deste dia celebra o evento da páscoa, como o “dia de Cristo Senhor”. As leituras bíblicas no decorrer deste dia solene contem o kerygma pascal e um chamado para que nos empenhemos em viver uma vida nova em Cristo. Todas as celebrações  apresentam Cristo como o verdadeiro motivo da ação de graças da igreja neste tempo de salvação. Na sua ressurreição, Cristo comunica ao mundo o seu Espírito de vida, que muda a vida do homem e, o liberta de suas escravidões e resgata o homem do pecado. Como diz o Salmo 118: “Este é o dia que o Senhor fez para nós”. Dia em que tudo é em Jesus Cristo, recriado. É o dia de nossa vida nova, onde podemos experimentar a alegria de Madalena e dizer: “Vi Cristo Ressuscitado, o túmulo abandonado, os anjos da cor do Sol, dobrado no chão o lençol” .

  A missa deste dia ocorre de forma mais solene, porem como de costume, ou seja, não são introduzidos ritos alem dos que já existem.

     O Domingo, primeiro dia da criação agora toma uma conotação maior, neste dia onde tudo é recriado pelo poder ressuscitador do Espírito de Deus, nós também o somos, assim o domingo se torna o Dia do Senhor. Este dia é o sol da semana o grande dia que celebramos a Páscoa do Senhor, que agora saiu do sepulcro e está no meio de nós, vivo.

     A morte, a dor, as guerras, o pecado não tem mais a ultima palavra apesar do mundo estar cheio disso tudo, há uma vitória que é maior que tudo isto, está acima de tudo, esta acima do céu, está no meio da terra, está nos nossos corações.   


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por Escola de Formação Shalom *
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quinta-feira, 2 de julho de 2009

DÍZIMO

TEMA – DÍZIMO
1 - INTRODUÇÃO HISTÓRICA
1.1 COMO E PORQUE SURGIU O DÍZIMO NA HISTÓRIA DO POVO DE DEUS?

O Dízimo na Bíblia surgiu com uma evidência muito grande frente a uma alternativa de Vida, uma modalidade ou uma possibilidade para que de fato o povo vivesse mais em comunidade, o povo salvaguardasse, protegesse a sua vida. E a grande preocupação dessas comunidades era comer em abundância, com fartura de verdade. Então o dízimo de modo particular havia de ser condividido, repartido para os levitas, os órfãos, as viúvas, os estrangeiros; isso significava que tinha uma função de vida presente.Fica claro que o dízimo no Antigo Testamento surgiu como uma alternativa para a sobrevivência da comunidade contra os impostos cobrados pelos poderosos estrangeiros.Como nas comunidades de hoje e também na família a questão do sustento é muito importante; e com Jesus, depois de seu tempo de trabalho de marceneiro, quando ele começou a pregar, apareceram os problemas. Como se sustentar e sustentar o seu grupo?Ele viveu praticamente da hospitalidade, da generosidade das pessoas que o acompanhavam: Marta, Maria, Simão, Lázaro e ou doações, São Lucas fala que havia mulheres, algumas ricas, que acompanhavam Jesus e socorriam a ele e os discípulos com os seus bens e serviços.A Comunidade primitiva assumiu uma coisa muito interessante: ela colocou no coração, o problema do sustento aos pobres, aos necessitados, às viúvas, às pessoas que não tinham bens... Ela vivia da partilha, muitos vendiam os seus bens e colocavam nos pés dos apóstolos, dividiam entre si e não havia necessitados entre eles.Paulo introduziu algo muito importante para os primeiros cristãos. Ele disse: O apostolado não deve visar os bens das pessoas. Por isso Paulo trabalhava com as próprias mãos e ele tinha orgulho de dizer que vivia do seu trabalho, pregava gratuitamente e dava conselho: "O que a gente recebeu de graça, que a gente dê de graça". Mas ele fez também coletas para as Comunidades mais necessitadas. Mais tarde a situação começou a mudar. Com a conversão dos Reis para a fé católica, o Estado passou a fazer doações de terras e assumiu a sustento do clero e da Igreja. Os grandes mosteiros se mantiveram com o trabalho na terra e só aceitaram a terra necessária para a sua subsistência.Com o tempo houve um excesso de acúmulo de bens, gerando por parte de muitos na Igreja, uma posição contrária a essa prática.E no Brasil? Como foi? Podemos dizer que temos que olhar para dois momentos: de um lado a Colônia e o Império e do outro lado a República.
No primeiro momento, ocorreram praticamente três sistemas:
COLÔNIA E IMPÉRIO
1º Sistema: O Rei recolhia todos os dízimos e com isso construía Igrejas, Colégios e pagava os vigários e Bispos.
2º Sistema: Os missionários tentavam criar um auto-sistema. Ex: Os Jesuítas do Paraguai que praticamente tinham fazendas, criação de gados, plantação de trigo e se bastavam a si mesmo e à missão.
3º Sistema: Os cristãos leigos dentro da Igreja pensavam também na missão e na sustentação destes trabalhos.
REPÚBLICA
A República acabou com esse sistema do Estado pagando e abriu uma crise dentro da Igreja. Como sustentar? Apareceram as taxas na hora da celebração dos sacramentos e as espórtulas das missas. Praticamente a Igreja vivia do pagamento dessas taxas, espórtulas e esmolas.O Concilio Vaticano II foi um momento de incentivo para a grande renovação da fé e despertou para a vida Comunitária. Através de caminhos mais evangélicos, algumas Dioceses e paróquias aboliram o pagamento de taxas e desenvolveram uma eficaz Pastoral do Dízimo.Estes exemplos nos incentivaram a seguir o mesmo caminho. Assim se resgata o espírito das primeiras Comunidades Cristãs. A partilha, a generosidade são expressões do Evangelho na vida cotidiana.
2. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICO – DOUTRINAL
2.1 O DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO:
Deus criou o mundo do nada, portanto Deus é o Senhor de TUDO, tudo é propriedade do Senhor. Deus dominou e organizou o caos, o grande universo. O homem recebeu o poder de dominar e organizar o mundo terrestre, porque ele é "imagem e semelhança de Deus". Grande missão e grande poder, mas que tem sua razão de ser na dependência divina do homem. Assim o homem vai se multiplicando, povoando a terra e numa relação de intimidade com o seu Senhor, oferece-lhe sacrifício, primícias e holocaustos.Caim e Abel dedicam-se a duas culturas básicas: Agricultura e criação de gado. Ambos oferecem parte do fruto do seu trabalho Gn 4,3-4 "Depois de algum tempo Caim apresentou produtos do solo como oferta a Javé. Abel, por sua vez ofereceu os primogênitos do seu rebanho. Javé gostou de Abel e de sua oferta". Ambos fizeram suas ofertas ao Senhor, em sinal de gratidão. No entanto, a oferta de Abel agradou a Deus e a de Caim não foi aceita. Ambos ofereceram o fruto do seu trabalho, mas Abel escolhe e oferece os primogênitos, o melhor, enquanto Caim oferece os frutos, qualquer fruto, talvez os piores, só para cumprir um preceito. E Deus que vê o coração, se alegra com a oferta de Abel! Sabemos as conseqüências...Depois vem o dilúvio. Noé representante duma nova humanidade, após o dilúvio, oferece um sacrifício a Deus, que não deixa o homem ser dominado pelo caos. Gn 8,20: "Noé construiu um altar para Javé, tomou animais e aves de toda espécie pura e ofereceu holocaustos sobre o altar".Deus quer organizar seu povo. Abraão nosso patriarca, recebe de Deus uma missão. "Deixa tua Terra..." (Gen 12,1). Abraão se põe a caminho... Faz caminho... Abre novos caminhos...Com Abraão inicia-se um novo povo. A missão de Abraão é trazer benção para todas as nações da Terra.Abraão é o primeiro a oferecer o DÍZIMO. E o dízimo é OFERECIDO, a Melquisedec, sacerdote do Deus Altíssimo (Melquisedec cultuava o mesmo Deus de Abraão). Ele inicia uma forma diferente, pois até aquele momento os povos ofereciam suas dádivas diretamente às divindades, e Abraão oferece o Dízimo a seu representante. Ele oferece uma medida - 10%. O sacerdote do Deus Altíssimo abençoa Abraão - é o Dízimo gerando Benção - Graça.Abraão é portador do NOVO. A novidade consiste em ser fiel a promessa de Deus, que nunca falha. Deixa o exemplo à sua descendência.Jacó reconhece Deus como único Senhor e enterra os ídolos (deus falsos) e dá a Deus o dízimo de todos os seus bens.Assim no Antigo Testamento vemos o exemplo dos patriarcas que são fiéis na entrega do dízimo. Em alguns textos o dízimo é apresentado como Lei, norma.A legislação mosaica apresenta diversos textos que falam do dízimo.Levitíco 27,30 - "todos os dízimos da terra, tanto dos produtos da terra como dos frutos das árvores, pertencem a Javé: é coisa consagrada a Javé" e 27,32 "Os dízimos de animais, boi, ou ovelha, isto é, a décima parte de tudo o que passa sob o cajado do pastor, é coisa consagrada a Javé". Deuteronômio 12,6 - estabelece onde os dízimos e oferta devem ser levados: ao Templo de Jerusalém, com indicação de várias normas. Tal legislação reflete a centralização do culto na reforma de Josias (ano 620ac). Em Deuteronômio cuida-se também dos direitos dos levitas e dos necessitados. No capitulo 26,1-11, descreve-se o ritual da entrega das primícias, fazendo uma oração com o resumo da história de Israel, como motivação para a entrega das primícias "Trata-se de um credo histórico", isto é, uma que reconhece o Deus vivo, presente e agindo na história do povo.A legislação do livro de Números explica porque os levitas têm direito a receber o dízimo: Num 18,21: "Eis que aos filhos de Levi dou por herança todos os dízimos arrecadados em Israel. Pelos serviços que prestam na Tenda da Reunião". No entanto em Números 35,1-8, os levitas recebem cidades próprias, com o território determinado, para conseguirem seu sustento. Mas certamente a solução para o sustento dos levitas deve ter criado outros problemas, exigindo reformas.No 2º livro de Crônicas, o rei Ezequias, em reforma geral do culto, revigora a instituição do dízimo para que os sacerdotes e levitas possam dedicar-se melhor às suas funções.II Crônicas 31 "... daremos o Dízimo de nossa terra aos levitas..." Com essa organização "o povo de Judá se alegrava por ver em seus postos os sacerdotes e levitas".Ezequias, Neemias e Malaquias foram encarregados pos Deus de realizar reformas junto ao seu povo que estava falhando nas suas obrigações. Essas reformas eram sempre de retorno a Deus e se fazia através do retorno ao dízimo".O justo Tobias é modelo de consciencioso cumprimento do dever do dízimo nas suas várias formas: Tobias 1,6-8: Muitas vezes, eu era o único a ir em peregrinação a Jerusalém, por ocasião das festas, a fim de cumprir a Lei perpétua que obriga todo o Israel. Eu corria a Jerusalém com os primeiros produtos da lavoura e as primeiras crias dos animais, com o dízimo do gado e a primeira lã das ovelhas, e os entregava aos sacerdotes. Filhos de Aarão, para o Altar. Aos levitas vinho e óleo, das romãs, dos figos e das frutas... O terceiro dízimo eu dava para os órfãos, as viúvas e os estrangeiros...Vários profetas falam sobre a importância do dízimo, alertando, no entanto, para os exageros da referida prática”.Ao final do Antigo Testamento Deus faz uma proposta a seu povo, para que façam uma experiência concreta de confiança no seu Senhor, para que testem a bondade infinita de Deus, prometendo conceder muito além do necessário (Malaquias 3,10).Assim, no Antigo Testamento, o Dízimo inicia gerando graça e benção em Abraão e conclui com uma promessa de mais graça e benção em Malaquias.
2.2 DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO
Novo Testamento é a Nova Aliança, a Boa Nova.O Novo Testamento é o livro da Nova Lei e vai além de tudo que era normal no Antigo Testamento. "Afinal o ordinário, o normal até os pagãos conseguem realizar, mas extraordinário, só os Filhos de Deus"."No Antigo Testamento, o homem oferecia o Dízimo em virtude da Lei, pelo temor".No Novo Testamento, a Lei do Temor é substituída pela Lei do Amor, e o homem passou o oferecer o Dízimo pelo amor.Jesus assume a nossa história, para nos indicar um modo novo de viver. Ele nos revela um DEUS PAI, ensinando-nos o Amor filial, e um mundo de irmãos - amor fraternal. Deus já não faz aliança com apenas um povo, mas com todos aqueles que assumam a PROPOSTA DO REINO - Que não haja necessitado entre nós, pois somos filhos do mesmo Pai, que é o SENHOR DE TUDO. O Dízimo estabelece o direito da partilha de tudo que possuo.Assim com a vinda de Jesus, os tributos religiosos, impostos pela Lei são substituídos pela oferta consciente, alegre e espontânea dos cristãos.DÌZIMO NÃO É LEI, É GRAÇA. Romanos 6,14 "Pois o pecado não os diminuirá nunca mais, porque vocês já não estão debaixo da Lei, mas sob graça".Jesus nos convida a dividir de graça tudo que possuímos, o que vem de Deus com os irmãos. Mateus 10,8 - "de graça recebeste de graça daí".Jesus respeita a lei e a cumpre: Mateus 17,24-27: Jesus apesar de Filho de Deus, presente na criação, Senhor de Tudo, paga o tributo ao Templo. Mas manda Pedro pescar e tirar o dinheiro do fruto de seu trabalho. Pedro era pescador. O Dízimo deve ser resultado do fruto do meu trabalho. Não posso esperar o milagre do dinheiro fácil para levar o Dízimo ao Templo.Jesus não é contra o dízimo, mas Ele denuncia a inversão de valores (Mt 23,23), nos alertando para algumas ATITUDES DO DIZIMISTA.VIVÊNCIA DO AMOR, JUSTIÇA E MISERICÓRDIA - nosso dízimo só tem valor se for fruto da justiça, da misericórdia, do amor, que são os sinais do reino. Mateus 23,23 e Lucas 11,42 - "Ai de vós escribas e fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da erva doce, e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e o amor... vocês deveriam praticar isso, sem deixar aquilo".
HUMILDADE - Não somos salvos porque pagamos o dízimo, mas é importante saber que a prática do dízimo exige uma atitude de humildade e misericórdia diante dos outros. (Lucas 18,9-14) - Fariseu e Publicano.
CONFIANÇA - A disponibilidade em ser generoso no dízimo supõe não ter medo de faltar algo em sua mesa. Dízimo é uma questão de confiança no Pai de que nada nos irá faltar. Lucas 12,15 "Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens".
GENEROSIDADE - DESAPEGO - O Dízimo nos ajuda a nos desapegarmos dos bens materiais e colocarmos nosso confiança em Deus. Timóteo 6,10 "Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por causa dessa ânsia de dinheiro, alguns se afastaram da fé e afligiram a si mesmos com muitos tormentos".
FIDELIDADE - Com o dízimo atestamos nossa fidelidade a Deus. Lucas 16,10-11 - Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas coisas também é infiel nas grandes coisas. Por isso se vocês não são fieis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? Desse modo Jesus denuncia a hipocrisia e combate a atitude dos doutores da lei e dos fariseus que iam contra o espírito fundamental da religião que é a vivência do amor, justiça e misericórdia. Mas muitas vezes Cristo lembra que o cristão deve dar sua contribuição material para as necessidades da comunidade e do ministério da Igreja (Lc 10, 7, Mt 10,9-10).Assim os primeiros cristãos vivem a prática do Dízimo num sentido muito mais amplo, pois partilham não apenas uma parte do que têm, mas partilham TUDO e cada um recebe de acordo com sua necessidade, não havendo necessitados entre eles. Esta é PROPOSTA DO Reino. Atos 2,44-45 e 4,32-35."Portanto o NOVO TESTAMENTO nos convida a suplantar a velha medida decimal, contida no Antigo Testamento". No Novo Testamento o dízimo não tem medida, não tem limite. Zaqueu dá 50%. A viúva dá 100%. Os primeiros cristãos davam TUDO! É uma questão de compromisso de fé e não de percentual. No Novo Testamento não acharemos a palavra Dízimo e sim: justiça, amor, partilha, comunhão, fraternidade, etc.O Novo Testamento não indica medida para o dízimo, visto que Jesus veio nos libertar da imposição das normas que escravizam o homem nos indicando uma forma livre de agradar o Pai. A medida e a do coração. II Corintios 9, 7-8 "Cada um dê conforme o seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama a quem dá com alegria. Poderoso é Deus para cumular-vos com toda espécie de benefícios, para que tendo sempre o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras".
2.3 OS CINCO MANDAMENTOS DA IGREJA DE JESUS CRISTO
No começo do cristianismo, prevaleceu na Igreja a partilha dos bens, mas aos poucos, na medida em que a Igreja ia crescendo, tornou-se necessária à retomada do dízimo como forma de garantir a manutenção da Instituição. Diversos Concílios tornaram obrigatório a prática do dízimo na Igreja, tendo em cada País um desdobramento diferente. Por isso nós aprendemos no Catecismo que um dos cinco preceitos da Igreja é "contribuir com o dízimo de acordo com o costume de cada lugar". Assim o Dízimo, que é Bíblico, faz parte também dos ensinamentos da Igreja.
1 - Participar da missa inteira aos domingos e festas de guarda e permanecer livres de trabalhos e atividades que poderiam impedir a santificação desses dias;2
- Confessar os próprios pecados pelo menos uma vez ao ano;
3 - Receber o Sacramento da Eucaristia pelo menos na Páscoa;
4 - Abster-se de comer carne e observar o jejum nos dias estabelecidos pela Igreja;
5 - Suprir as necessidades materiais da própria Igreja, segundo as próprias possibilidades.
(Nova versão dos mandamentos da Igreja segundo o Novo Catecismo da Igreja Católica)
2.4 DIRETRIZES GERAIS - 1999-2002 - Nº 48O Catecismo diz o seguinte: "Os fieis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja" (nº 2043 & 1). O Código de Direito Canônico diz: "Os fieis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o sustento dos ministros" (Can. 222 § 1).2.5 PORQUE IMPLANTAR O DÍZIMO?Porque é esse o caminho escolhido pela Igreja do Brasil. Na XVI Assembléia Geral em Itaici - SP (1974) os bispos optaram pelo Dízimo. Destacaram 6 pontos importantes que devemos ter presentes:
1 -Todas as Igrejas particulares no Brasil devem ter como meta a implantação do dízimo como sistema de contribuição sistemática e periódica, que substitua progressivamente o sistema de taxas.
2 - Haja um intenso trabalho de conscientização do povo e dos agentes de pastoral e de progressiva organização do sistema ao nível diocesano, paroquial e de base.
3 - As Igrejas, dentro de um mesmo regional, devem prestar mútua ajuda, fazendo circular as várias experiências.
4 - Os regionais cuidem da elaboração de subsídios, onde eles forem necessários e pedidos pelas Igrejas particulares.
5 - Os organismos nacionais prestem aos regionais a devida assessoria.
6 - Cada Igreja Particular fixará a data a partir da qual será obrigatória a implantação do sistema."O Dízimo é meta a ser alcançada. Não é mera exortação ou um objetivo desejável. As Igrejas Particulares devem buscá-la".Essas conclusões são fruto de uma reflexão que se iniciou em 1967.(Estudo da CNBB 8 pg. 9 e10)

2.6 O DÍZIMO NA DIOCESE:
A Diocese desde 1994 vem dando passos crescentes nesta conscientização. Em seu Documento Pastoral "Diretório da Vida sacramental", regulamenta a opção pelo sistema do Dízimo.566 - Seja o dízimo para cada fiel e para a Comunidade Eclesial de Base expressão do reconhecimento da infinita gratuidade de Deus. Seja a entrega do dízimo autêntica consagração de nossos bens e trabalhos a Deus.567 - Incentive em cada uma de nossas comunidades eclesiais a Pastoral do Dízimo, como forma de conscientização para a partilha e a solidariedade, progredindo para asolidariedade maior vivida pelas primeiras comunidades cristãs: "um só coração e uma só alma. Tinham tudo em comum, não havendo necessitados entre eles". (Cf Atos 2,42-47).568 - Progridam as Comunidades Eclesiais de base na consciência da entrega do dízimo como autêntica forma de sustento da igreja, na evangelização e na caridade para com os empobrecidos.
3. AS DIMENSÕES DO DÍZIMO
O resultado financeiro da opção pelo dízimo deve ser bem administrado pela Comunidade, pela Paróquia e pela Diocese. A prestação de contas e o plano financeiro SÃO FUNDAMENTAIS, pois os dizimistas descobrem que contribuir para os serviços do culto e dos irmãos vem a ser um testemunho, dado ao mundo, de que os cristãos reconhecem o sentido social e comunitário dos bens a eles confiados.Desta forma, o Dízimo tem um destino certo que são as três dimensões propostas na Bíblia: Religiosa, Social e Missionária.
3.1 DIMENSÃO RELIGIOSA: "O zelo por tua casa me consome" (Jô 2,17)O Dízimo deve ser um auxílio na caminhada de fé e o lugar onde eu vivo esta fé deverá ser bem cuidado para que todos possam usufruir com conforto e dignidade. O Templo, lugar de encontro com Deus e com os irmãos para a oração, deve ser um lugar adequado ao louvor e a adoração e tudo isto tem um custo sonorização, velas, livros, hóstias, folhetos de cânticos, enfim tudo o que usamos dentro do templo é custeado pelo Dízimo.Nesta dimensão também entram os cuidados com os padres que merecem todo o carinho da comunidade onde prestam seus trabalhos aplicando seus conhecimentos e seus serviços.
3.2 DIMENSÃO SOCIAL: "... tive fome e me destes de comer..." (Mt 25,35).Jesus configura-se no pobre e não há melhor forma de encontrá-lo senão onde Ele mesmo deixou-se ficar - no rosto dos pobres e dos necessitados. Nesta dimensão compreendemos e praticamos o pedido de Jesus. A Igreja deve responsabilizar-se pelos necessitados e não se pode dormir em paz sabendo que nossos irmãos passam pela dor da fome, do frio e das carências mais primárias. Sua contribuição soma-se a outras tantas e multiplica-se no auxílio a quem merece nosso total carinho.
3.3 DIMENSÃO MISSIONÁRIA: "... pregai o evangelho a todos..." (Mc 16,15)O dízimo deve levar a minha comunidade toda a ser sinal de salvação. Todos nós que somos batizados somos missionários, diz o Vaticano II. O dízimo vai sustentar as Igrejas mais pobres que não têm condições de se manter. Sustentar a missão, como tarefa primeira da Igreja é compromisso que devemos assumir como mandato do Senhor: "Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho". Para se missionário em terras estrangeiras, onde tudo falta, onde a miséria é a situação mais comum encontrada, precisa de uma base de sustentação financeira. "Dar da nossa pobreza!". Dar do pouco que temos para que outros também possam receber a mensagem da Boa Nova. Quem ajuda a missão também é missionário... Um comportamento de honestidade, de prática da justiça são argumentos fortes para atrair os que não vivem a fé no mundo onde vivemos. Mas cada um de nós que é batizado, missionário, portanto, deve ter outra preocupação: levar a todas as pessoas a dimensão da fé. Esta realidade de Deus que aconteceu um dia em nossa vida, através do batismo, deve acontecer em todos. A fé é um dom gratuito de Deus, que acontece nas pessoas, através das pessoas que a têm.Muita gente no mundo inteiro ainda não é batizada em nome de Jesus. E não o é porque não ouviram falar de Jesus. Não ouviu falar porque ainda não houve quem fosse até essas gentes para dar testemunho de Jesus. E será que não houve quem fosse por não ter sido enviado? Romanos - capítulo 10,9-17. A fé é condição para a salvação. Cada um de nós é responsável para que isto aconteça.Não podemos preocupar-nos somente com a nossa salvação. A preocupação deve ser universal, porque eu sou batizado, missionário, Igreja. Isto me proíbe pensar só em mim. Todos devem estar no meu plano de busca da salvação. Nós não salvamos ninguém, não convertemos ninguém, quem salva e converte é Deus. Mas Ele nos quer participantes de seu plano de salvação. Foi por isso que enviou seu missionário, Jesus, para anunciar o Evangelho. E Jesus enviou os discípulos a evangelizar e continua enviando ainda hoje. E os enviados somos nós.Quando sabemos que mais da metade da humanidade não crê em Jesus após 2000 anos, isto deve nos preocupar. Quando sabemos que no Brasil existem milhões de pessoas que não tomam conhecimento dos valores cristãos, devemo-nos questionar. Nos grandes centros, talvez só 5% das pessoas procuram manifestar vida de fé, pelo menos participando das celebrações comunitárias aos fins de semana. É ainda a maior expressão de participação comunitária dos que temem a Deus.Outro fato deve ferir minha consciência acomodada: 70% das pessoas que vivem no Brasil são carentes, necessitadas de algo fundamental para suas vidas. O que é mais grave: 30% da população vivem em extrema miséria. E tudo por culpa de um processo de egoísmo desencadeado. Se a, nível de salvação eterna, me preocupo apenas comigo mesmo, porque me preocupar a nível desta vida com os outros? É preciso reformular a vida numa dimensão mais abrangente. Sair de nós mesmos e buscar o outro. É preciso perguntar:Que conseqüência tenho dado ao meu batismo? Tenho dado uma dimensão missionária à minha vocação cristã?Quando eu contribuo na minha comunidade para que ela possa desenvolver um trabalho pastoral eficiente, uma catequese eficaz, para que ela possa preparar catequistas, animadores de comunidades, missionário para evangelizar, meu dízimo assume uma dimensão especial na minha vida, assume a dimensão missionária. Quando eu ajudo minha comunidade a preparar e enviar missionários, sou eu que envio. Onde estiver o missionário, eu estarei com ele. São Paulo diz: "Quem colabora com o pregador tem merecimento de pregador”.São Paulo se alegrou e louvava a Deus quando as comunidades se ajudavam. As comunidades pobres faziam coletas para implantar o Reino de Deus em outros lugares (II Cor. 8,1-3). Isto é que é ser Igreja: estarmos atentos às necessidades das outras comunidades.Contribuindo na minha comunidade, estou contribuindo com a Igreja toda, porque parte de tudo é encaminhado à Diocese, e o Bispo de cada Diocese se encarrega de estabelecer a comunhão universal, participando dos projetos de solidariedade com outras dioceses, e com a Igreja toda.
3.4 OS PRINCÍPIOS DO DÍZIMOSão três os princípios que norteiam a prática do dízimo.
1º princípio: CONVERSÃO.
João Batista já apontava a partilha como sinal de conversão àqueles que perguntavam: - O que devemos fazer? - Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver comida, faça a mesma coisa. (Lc. 3,11). Só é dizimista quem atendeu e aderiu de coração ao Projeto de Deus, ou seja, é convertido.
2º princípio: FIDELIDADE
O Dízimo é sinal de fidelidade a Deus e à sua Palavra. É fazer uma experiência com Deus, conforme as palavras de Malaquias: "Fazei a experiência, dia o Senhor, e vereis se não derramo a minha bênção sobre vós" (Mal. 3,16).
3º princípio: PERTENÇA
O Dízimo é sinal de nossa pertença à Igreja, família de Deus. Quem tem uma família, sente-se na obrigação de colaborar com ela. Como membros da Igreja, família na qual fomos inseridos a partir de nosso batismo, devemos sentir-nos responsáveis por ela e colaborar para suprir as suas necessidades.O Dízimo é o gesto concreto que expressa nossa participação na vida da Igreja.
3.5 ATITUDES QUE BROTAM DA GRATUIDADE
CARIDADE: É o maior dos dons, elimina pecado, mas não substitui o dízimo nem tão pouco a oferta do altar.
ESMOLA: Somos chamados a viver de modo íntegro com nossos irmãos necessitados que nos peçam e batem à nossa porta.
DONATIVO: São doações esporádicas que realizamos em caso de campanhas beneficentes etc...
CONTRIBUIÇÃO: É aquela assumida em caráter provisório, ou permanente, destinadas às instituições filantrópicas e outras, como ajuda, por simpatia ao trabalho realizado.
DÍZIMO: Tem por base a nossa produção, de tudo que produzimos uma parte destinamos a comunidade Igreja, local onde Deus faz residir o Seu nome.
OFERTAS: São aquelas deixadas no altar do Senhor dentro da liturgia. Muitos não vivem esse momento como de fato são chamados a viver diante de Deus.
4. ESPIRITUALIDADE
O Dízimo integra a espiritualidade cristã. Para ser agradável deve ser acompanhado de perdão, justiça, misericórdia, fidelidade, humildade, fé, esperança, caridade, confiança, perseverança, coragem, entre outras virtudes.Nele encontra-se um grande valor espiritual. É uma graça ser convidado a ser dizimista.Oração do Dizimista.Jesus Misericordioso,Entrego-Vos, com o meu dízimo,o meu amor,o meu querer,o meu sentir,a minha vontade,o meu pensamento,o meu trabalho,a minha vida,e que eles Vos sejam agradáveis.Transformai-me e purificai-mepara que possa Vos servir eternamente.Tudo que era meu agora Vos pertence. Amém.
4.1 A FIDELIDADE DE DEUS
A raiz primordial e a razão mais profunda para nos sentirmos impelidos a ser -mos fiéis reside na própria fidelidade de Deus. Toda a relação entre Javé e o seu povo se sintetiza como uma aliança de amor: "Eu farei de vós o meu povo, serei o vosso Deus" (Ex 6,7). É um vínculo que nunca se poderá quebrar porque se fundamenta em que Ele, Javé, é fiel (Deut 32,4) e por isso pode Javé reclamar correspondência: "Eu quero amor fiel, não a exterioridade" (Os 6,6). No Novo Testamento, os Apóstolos contemplaram permanentemente admirados, essa fidelidade de Deus, ainda que muitas vezes o homem a atraiçoe: "Se o negamos Ele permaneceu fiel" (2Tm 2,13). Esta conduta coerente do Senhor será sempre estímulo para lutar com esperança, "pois fiel é Deus, por quem fostes chamados" (1Cor 1,9) e não permitirá que "sejais tentados acima das vossas forças" (1Cor 10,13).Quando alguém cai, a fidelidade divina convida-o a levantar-se: "Se confessamos os nossos pecados, Ele é justo e fiel, perdoa-nos e purifica-nos de toda a iniqüidade".Para correspondermos à fidelidade de Deus, nós os homens, somos chamados a guardar-lhe lealdade: "O homem fiel será sempre louvado, terá bênçãos abundantes" (Prov 28,20). São João ensina os fiéis a agir fielmente em tudo o que fazem (3 Jo 5,5), já quesomente os fiéis permanecem com Ele no amor (Sab 3,9).A fidelidade de Deus é, pois, a causa da fidelidade humana. Por isso, o primeiro de todos os nossos deveres é o de sermos fiéis a Deus e a tudo o que se relaciona com a missão que Ele atribui a cada um e que pode chegar a manifestar-se sob a forma de um chamado particular para compreender a vida inteira por amor.A oportunidade de realizar grande feitos apresenta-se muito poucas vezes na vida. Pelo contrário, as coisas pequenas são tão freqüentes e constantes que a fidelidade em cumpri-las é quase heróica. É necessária atenção permanente, espírito de sacrifício, generosidade de coração. É impossível que um só detalhe não tenha transcendência."O que é pequeno, pequeno é; mas aquele que é fiel no pequeno, esse é grande", diz Santo Agostinho.
4.2 DÍZIMO É PARTILHA
Para podermos entender o que é partilha precisamos mergulhar no próprio ministério de Deus, porque Deus é partilha. Quando dizemos que Deus é Amor, nós afirmamos que Deus é Amor partilhado entre três pessoas, reafirmando nossa fé no mistério inefável da Santíssima Trindade. Sendo partilha por natureza, Deus reparte conosco a vida através da criação, a sua intimidade, através da Revelação, e partilha conosco o que Ele tem de mais precioso que é seu próprio Filho. A Encarnação e a Redenção são mistérios da partilha de Deus com a humanidade. Jesus Cristo partilha sua vida conosco, e na hora de sua morte, nos dá a própria Mãe para ser Mãe de todos nós. No Sacramento da Eucaristia Ele partilha conosco, nos sinais do pão e do vinho, o seu corpo que é “doado” e o seu sangue “derramado” para a salvação de todos. Por isso a Eucaristia é o Sacramento da Partilha total, sem restrições.Já no Domingo de Páscoa, e de forma plana no dia de Pentecostes, o Espírito Santo é efundido sobre a Igreja, sendo partilhados seus dons entre todos os crentes.Para continuar a sua missão no mundo, até o fim dos temos, Jesus Cristo deixa-nos a sua Igreja que se caracteriza como uma comunidade de partilha.
5. PARA REFLETIR
a) O Dízimo é um pôr-se a caminho. Quem opta pela partilha escolhe a melhor e mais fecunda forma de trilhá-lo. Em seu serviço ministerial como você está trilhando ou planeja trilhar este caminho?
b) Nunca podemos afirmar que não aceitamos o Dízimo sem antes termos feito a experiência. Como o seu serviço pela pregação da palavra e o seu testemunho poderão ser eficazes na ação evangelizadora dentro da sua comunidade / paróquia?
c) O povo tem o direito de ouvir falar corretamente sobre o Dízimo e Oferta. Todos os Sacerdotes, Diáconos, Religiosos e nós leigos temos a obrigação de orientar o povo contribuindo para que façam a experiência com fidelidade. Como seu serviço ministerial contribuirá neste processo de conscientização?
d) Dízimo é fruto de uma conversão. Nós somos Igreja na medida em que participamos e colaboramos com ela. Como o seu Ministério poderá colaborar para que ela possa evangelizar através das dimensões Religiosa, Social e Missionária?
e) Diante do estudo apresentado podemos afirmar que o Dízimo tem fundamentos Bíblico, Teológico, Comunitário e Pastoral. Comente esta afirmação.
6. APROFUNDAMENTO BÍBLICO - DÍZIMO E OFERTA
ANTIGO TESTAMENTO
Gênesis – 4, 3-5Gênesis – 12, 7-8Gênesis – 14, 18-20Gênesis – 26,12Gênesis – 28, 17-22Êxodo – 22, 28-29Êxodo – 25, 1-2Exodo 34,26Êxodo – 35,5Êxodo – 35,29Êxodo – 35, 4 -5Êxodo – 36, 5 -7Levítico – 14,10Levítico – 19, 9-10Levítico – 27, 30-32Deuteronômio – 8, 11-18Numero 18,8.21Números – 18, 25-29Deuteronômio – 12, 11-28Deuteronômio – 14, 22-29Deuteronômio – 14, 27-29Deuteronômio – 16, 10, 15-17Deuteronômio – 24, 19-21Deuteronômio – 26, 12-13Deuteronômio – 28, 1-14I Samuel – 8, 15I Reis – 17,16II Reis – 4, 2-4I Crônicas – 29, 9II Crônicas – 31, 2-6Neemias – 10,33Neemias – 10,40Neemias – 13, 10-13Tobias – 1, 6-7Salmo – 111Provérbios – 3, 9-10Provérbios – 11, 24-26Provérbios – 20,25Eclesiastes – 5, 4-5Eclesiástico – 35, 1-6Eclesiástico – 35, 4-10Ezequiel – 45,1Amós – 4,4Ageu – 1,9Malaquias – 1, 13-14Malaquias – 3, 8-12NOVO TESTAMENTOMateus – 2,11Mateus – 3,5-10Mateus – 5, 23-25Mateus –6, 2-4Mateus – 7,11Mateus – 10,8Mateus – 10,42Mateus – 17, 24-27Mateus – 22, 15-22Mateus – 23,23Mateus – 25, 24-27Mateus – 25, 34-40Marcos – 6, 8-10Marcos – 12, 13-17Marcos – 12, 41-44Lucas – 6,39Lucas – 10, 7-9Lucas – 11,42 Lucas – 12, 41-44Lucas – 16, 10-11Lucas – 18, 9-14Lucas – 19, 8-10Lucas – 21, 1-4Jo 20,21Atos – 2, 42-47Atos – 4, 34,37Atos – 5, 1-5I Jo 3,18Romanos 13,8Romanos – 15,26I Coríntios – 9, 4-14I Corintios 9,16I Coríntios – 11, 20-22I Coríntios 13,3Ii Coríntios 5,17II Coríntios – 8,14II Coríntios – 9, 6-13Gálatas – 6,6Efésios – 4,28Filipenses – 2,13I Timóteo – 6, 7-10Hebreus – 7,4-8I Pedro – 4,107. BIBLIOGRAFIAS● Bíblia Sagrada, Ave Maria.● Celebrando – A Partilha Santifica. Equipe Diocesana do Dízimo e Liturgia. 2004● Celebrando – Chamados à Fidelidade. Equipe Diocesana do Dízimo e Liturgia. 2006● Dízimo, Evangelização para uma nova terra e um novo céu. Equipe Central Pastoral do Dízimo – Arquidiocese de Vitória, 1998.● Calendário do Dízimo. O Recado 2006.● Catecismo da Igreja Católica.● Dimensão Bíblico Catequética, Diretório Diocesano da Vida Sacramental. Diocese de Cahoeiro de Itapemirim ES 2ª edição. 2002.● Estudo nº 08 CNBB, 8ª edição, Paulinas 2003.●Tatto, Antoninho. Dízimo e Oferta na Comunidade. O Recado, 1983, 47ª edição. São Paulo, Brasil.● Fita de vídeo. A Pastoral da Partilha● Madureira, Aristides L. Partilhando a Vida em Família. A Partilha Editora Ltda. 2ª edição.

Fonte:
Elaboração: Equipe Diocesana do Dízimo
http://dizimo-secretariado.blogspot.com/2007/05/encontro-da-cartilha-de-ministro-da.html

quarta-feira, 11 de junho de 2008

CONGRESSO AMERICANO MISSIONÁRIO



A IMPORTÂNCIA DOS COMLAs e CAMs

Os sete Congressos Missionários Latino-Americanos (Comlas) e os dois Congressos Missionários Americanos (CAMs) tornaram-se o referencial da animação e formação missionária da América, tendo inclusive influenciado na dimensão missionária da Igreja latino-americana, uma vez que várias de suas propostas foram levadas em conta pelas Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano. Tornaram-se, pois, uma resposta para a consciência missionária “ad gentes”.Neste sentido, os CAMs–Comlas são eventos de transcendência e importância para a caminhada missionária da América, à medida que despertaram e animaram muitas Igrejas particulares a incrementar seu dinamismo missionário e enviar missionários “além-fronteiras”, “dando de sua pobreza” (DP 368).É bem sabido que os processos de preparação, incluindo o Instrumento de Trabalho, os Anos Missionários, a preparação da sede, as animações nas paróquias para conseguir alojamentos para os congressistas, a participação do clero, dos Bispos, religiosas, religiosos e Povo de Deus nas diferentes etapas que compreendem um CAM–Comla fortalecem muito a catolicidade e comprometem ainda mais com a dimensão missionária da Igreja.Cabe dizer que a vitalidade que os CAMs–Comlas adquiriram é vivida e sentida em todos os países, uma vez que na etapa preparatória é programada e realizada uma série de atividades de animação e formação missionária para todo o Povo de Deus, o que demonstra que a dimensão missionária reúne todos os setores da nossa Igreja na América.Devemos ressaltar que o CAM 3–Comla 8 terá estreita relação com a preparação da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que dará ainda maior transcendência ao CAM 3–Comla 8, devido às implicações dela em cada Igreja particular.
É o caso de ressaltar que todos os países que organizaram os CAMs–Comlas mencionaram que o trabalho realizado em sua preparação é muito exigente, e, ao mesmo tempo, uma grande bênção para o país anfitrião.
OBJETIVO GERAL
Propiciar nas Igrejas particulares da América o acontecimento iminente de Pentecostes, para que, a partir da experiência do discipulado, ponham-se em “estado de Missão” e impulsionem a Nova Evangelização e a Missão “ad gentes”.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Formar discípulos missionários do Evangelho da vida e esperança, para servir à Nova Evangelização e à Missão “ad gentes”.
• Comprometer as famílias cristãs na missão evangelizadora da Igreja, paraque, redescobrindo sua identidade, ponham-se ao serviço da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”.
• Fomentar a dimensão missionária da paróquia como comunidade de comunidades e dos movimentos leigos, para que todo o Povo de Deus assuma sua responsabilidade com a Nova Evangelização e a Missão “ad gentes”.
• Promover o espírito missionário nos ministérios e carismas da Igreja particular, para que todos os seus agentes pastorais, estruturas e instâncias eclesiais sirvam à Nova Evangelização e à Missão “ad gentes”.
• Animar a Igreja na América para que chegue a ser “casa e escola de comunhão” ao serviço da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”.
EIXOS CENTRAIS DO CAM3-Comla8
Queremos preparar e celebrar o 3º Congresso Missionário Americano (CAM 3) e 8º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 8), que, diante dos desafios, esperanças e mudanças que vivemos na Igreja e no mundo na época atual, seja capaz de integrar três realidades, como eixos centrais, do dinamismo eclesial na história:
• Reavivar o acontecimento fundador e inspirador de Pentecostes nas “Igrejas particulares, para que todo o Povo de Deus seja convidado a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente e a abrir-se com confiança ao futuro”, na responsabilidade histórica da Igreja, anunciando o Evangelho (NMI 1).
• Promover, com renovada imaginação e criatividade, a Nova Evangelização no contexto de um mundo globalizado, que tenha o novo “ardor” dos discípulos do Senhor, gerador de “um entusiasmo irrefreável na tarefa de anunciar o Evangelho”; que se abra às novas “expressões” dos santos, homens e mulheres livres no Espírito; e implante novos métodos para a Evangelização, no estilo dos profetas, abertos aos sinais dos tempos (SD 28-30).
• Propiciar que as Igrejas particulares da América se abram aos “imensos horizontes da Missão ‘ad gentes’”, onde Cristo e o seu Evangelho não são conhecidos, e “onde faltam comunidades cristãs suficientemente maduras para encarnar a fé no próprio ambiente e anunciá-la a outros” (RM 31.33).

ÊNFASES DO CAM 3–Comla 8
As ênfases que desejamos imprimir ao nosso próximo Congresso Missionário Americano com a finalidade de fomentar as exigências que advêm do mandado missionário do Cristo Redentor são:
• Partindo da experiência eclesial de Pentecostes, queremos que todo o Continente Americano se declare em “estado de Missão”, para enfrentar o desafio de que a Missão confiada à Igreja “encontra-se ainda nos começos e que nos devemos comprometer com todas as nossas energias ao seu serviço” (RM 1).
Esta opção permitirá fazer de cada Igreja particular o âmbito e contexto da Nova Evangelização e da Missão “ad gentes”, e, ao mesmo tempo, destinatária e protagonista do anúncio de Cristo.
• Partindo da experiência cristológica de Pentecostes, em direção ao desafio da Nova Evangelização, como a melhor proposta para o homem e a mulher do século 21, que sofre as conseqüências da secularização e do materialismo.
Esta opção implicará favorecer, pessoal e comunitariamente, experiências de Deus, de encontro com Cristo e de abertura ao Espírito, que encham de sentido a vida das pessoas e dos povos e os orientem em função do Reino, mediante o anúncio do Evangelho, a promoção humana e a evangelização da cultura.
• Partindo da experiência antropológica de Pentecostes “para a Missão 'ad gentes’ e para a construção do Reino de Deus”.
Esta opção exigirá abrir-se ao mistério de Deus-Uno e Trino que revela seu plano salvífico na vida das pessoas e na história dos povos, preferencialmente aos mais pobres, dirigindo-se de modo especial aos “grupos e ambientes não-cristãos”. A eles deverá ser explícito o anúncio de Cristo e do seu Evangelho, com eles haver-se-á de edificar a Igreja local e promover os valores do Reino (RM 34).
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sacramento da Penitência

CONFISSÃO
`Dizendo isto soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados,os pecados ser`lhes`ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes, ser`lhes`ão retidos` (Jo 20,22-23).
1446 - Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter`se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como `a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça` (Conc. Trento, DS 1542).
1486 - O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um Sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
1487 - Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua própria dignidade de homem chamado a ser Filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva.
1488 - Aos olhos da fé nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro.
1489 - Voltar à comunhão com Deus depois de a ter perdido pelo pecado, é um movimento que nasce da graça do Deus misericordioso e solícito pela salvação dos homens. É preciso pedir este dom precioso para si mesmo e também para os outros.
1490 - O movimento de volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro; nutre`se da esperança na misericórdia divina.
1491 - O sacramento da penitência é constituído de três atos do penitente e da absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento, a confissão ou manifestação dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação.Consciência - exame de consciência.
1454 - Convém preparar a recepção deste sacramento (Confissão) fazendo um exame de consciência à luz da Palavra de Deus. Os textos mais adaptados a esse fim devem ser procurados na catequese moral dos evangelhos e das cartas apostólicas: Sermão da Montanha, ensinamentos apostólicos (Rom 12-15; 1 Cor 12-13; Gl 5; Ef 4-6).
1492 - O arrependimento (também chamado contrição) devem inspirar-se em motivos que decorrem da fé. Se o arrependimento estiver embasado no amor de caridade para com Deus, é chamado `perfeito`; se estiver fundado em outros motivos, será `imperfeito`.
1493 - Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e que se lembra depois de examinar cuidadosamente sua consciência. Mesmo sem ser necessário em si as confissões das faltas veniais, a Igreja não deixa de recomendá`la vivamente.
1494 - O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos atos de `satisfação` ou de `penitência`, para reparar o prejuízo causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios ao discípulo de Cristo.
1495 - Somente os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver podem perdoar os pecados em nome de Cristo.
1496 - Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;A reconciliação com a Igreja;A remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, seqüelas do pecado;A paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual;O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.
1497 - A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja.
1455 - A confissão dos pecados (acusação), mesmo do ponto de vista simplesmente humano, nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela acusação, o homem encara de frente os pecados dos quais se tornou culpado: assume a responsabilidade deles, assim, abre`se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, a fim de tornar possível um futuro novo.
1456 - A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: `Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência depois de examinar`se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muitos secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo (Ex 20,17; Mt 5,28), pois às vezes esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos` (Conc. Trento, DS 1680):Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá`los todos ao perdão da misericórdia divina. Os que agem de outra forma tentando ocultar conscientemente alguns pecados não colocam diante da bondade divina nada que ela possa remir por intermédio do sacerdote. Pois, `se o doente insistir em esconder do médico sua ferida, como poderá a medicina curá-lo? (S. Jerônimo, Comen tarius in Ecl 0,11; Conc. Trento, DS 1680).
1457 - Conforme o mandamento da Igreja, `Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano` (CDC, cân. 989). Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental (Conc. Trento, DS 1647,1661), a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (CDC, cân. 916; CCEO, cân.711). As crianças devem confessar`se antes de receber a Primeira Eucaristia (CDC, cân. 914).1458 - Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja (Conc. Trento, DS 1680; CDC, cân. 988,2). Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a ver`nos curados por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele (Lc 6, 36):`Quem confessa os próprios pecados está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus pecados; se tu também os acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves falar do pecador, é o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste para que Deus salve o que Ele fez... Quando começas a detestar o que fizeste, é então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras. A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribuis para a verdade e consegues chegar à luz` (S.Agostinho, In Jo 12,13).
Confissão - os seus efeitos
1468 - `Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade` (Cat. R. 2,5,18). Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, `podem usufruir da paz e tranqüilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual`(Conc. Trento, DS, 1674). Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira `ressurreição espiritual`, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Lc 15,32). Confissão - reconciliação com a Igreja
1469 - Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da Penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros (1Cor 12,26). Restabelecido ou confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de Cristo, quer estejam ainda em estado de peregrinação ou já estejam na pátria celeste (LG 48-50):Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, onde recupera a própria verdade interior; reconcilia`se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e feriu; reconcilia`se com a Igreja; e reconcilia`se com toda a criação (RP 31).
Confissão - juízo particular antecipado
1470 - Neste sacramento, o pecador, entregando`se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave (1 Cor 5,11; Gl 5, 19-21; Ap 22,15). Convertendo`se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida `sem ser julgado` (Jo 5,24).
Confissão - o sigilo do sacramento
2490 - O sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser traído sob nenhum pretexto. `O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer outro modo, por nenhuma causa` (CDC, cân. 983,1).Confissão Comunitária - quando pode ser feita.
1483 - Em casos de necessidade grave, pode`se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar`se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode também apresentar`se quando, tendo`se em vista o número dos penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da sagrada Eucaristia. Nesse caso os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados no devido tempo (CDC, cân. 962,1). Cabe ao Bispo diocesano julgar`se os requisitos para a absolvição geral existem (CDC, cân. 961). Um grande concurso de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave (CDC, cân. 961,1).
Confissão - mudança com o tempo.
1447 - No curso dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este poder recebido do Senhor variou muito. Nos primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que haviam cometidos pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo, a idolatria, o homicídio ou o adultério) estava ligada a uma disciplina bastante rigorosa, segundo a qual os penitentes deviam fazer penitência pública por seus pecados, muitas vezes durante longos anos, antes de receber a reconciliação. A esta `ordem dos penitentes` (que incluía apenas certos pecados graves) só se era admitido raramente e, em certas regiões, só uma vez na vida.No século VII, inspirados na tradição monástica do Oriente, os missionários irlandeses trouxeram para a Europa continental a prática `privada` da penitência que não mais exigida a prática pública e prolongada de obras de penitência antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento se realiza daí em diante de uma forma mais secreta entre o penitente e o presbítero. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, abrindo assim o caminho para uma freqüência regular a este sacramento.
1448 - Através das mudanças por que passaram a disciplina e a celebração deste sacramento ao longo dos séculos, podemos discernir sua própria estrutura fundamental que consta de dois elementos igualmente essenciais: de um lado, os atos do homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação; de outro lado, a ação de Deus por intermédio da Igreja. A Igreja que, pelo Bispo e seus presbíteros, concede em nome de Jesus Cristo, o perdão dos pecados e fixa a modalidade da satisfação, ora pelo pecador e faz penitência com ele. Assim o pecador é curado e reintegrado na comunhão eclesial.
Confissão - a forma da absolvição
1449 - A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu Filho e pelo dom de seu Espírito, através da oração e ministério da Igreja:`Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo` (Ritual Romano, Rito da Penitência).
1498 - Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, conseqüências dos pecados.
Consciência - voz de Deus no coração
1776 - `Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando`o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei soa aos ouvidos do coração... É uma lei inscrita por Deus no coração do homem... A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz` (GS 16).
1777 - Presente no coração da pessoa, a consciência moral (Rm 2,14-16) lhe impõe, no momento oportuno, fazer o bem e evitar o mal. Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más (Rm 1,32). Atesta a autoridade da verdade referente ao Bem supremo, de quem a pessoa sente a atração e acolhe os mandamentos. Quando escuta a consciência moral, o homem pode ouvir Deus, que fala.`A consciência é uma lei do nosso espírito, mas que o ultrapassa nosso espírito, que nos faz imposições, que significa responsabilidade e dever, temor e esperança... É a mensageira daquele que, no mundo da natureza bem como no mundo da graça, nos fala através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo`. (Newman, Carta ao Duque de Norfolk,5).
1779 - É importante que cada qual esteja bastante presente a si mesmo para ouvir e seguir a voz de sua consciência. Esta exigência de interioridade é tanto mais necessária quanto a vida nos expõe constantemente a situações que nos alheiam de qualquer reflexão, exame ou concentração sobre nós mesmos: `Volta à tua consciência, interroga`a ...Voltai, irmãos, ao interior, e em tudo o que fizerdes atentai para a testemunha, Deus` (S. Agostinho, In ep. Jo 8,9).
1781 - A consciência permite assumir a responsabilidade dos atos praticados. Se o homem comete o mal, o julgamento justo da consciência pode continuar nele como testemunho da verdade universal do bem e ao mesmo tempo da malícia de sua escolha singular. O veredicto do juízo da consciência continua sendo um penhor de esperança e misericórdia. Atestando a falta cometida, lembra a necessidade de pedir perdão, de praticar novamente o bem e de cultivar sem cessar a virtude com a graça de Deus. Diante dele tranqüilizaremos nosso coração, se o nosso coração nos acusa, porque Deus é maior que nosso coração e conhece todas as coisas (1Jo 3,19-20).
Consciência - precisa ser formada retamente
1783 - A consciência deve ser educada e o juízo moral esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados.
1784 - A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.
1785 - Na forma da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática. É preciso ainda que examinemos nossa consciência confrontando`nos com a Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelo testemunho e conselhos dos outros e guiados pelo ensinamento autorizado da Igreja (DH, 14).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Campanha da Fraternidade de 2008


D.Odilo Pedro Scherer
Bispo Auxiliar de São Paulo
Secretário-Geral da CNBB

A Campanha da Fraternidade de 2008 já tem tema: “Fraternidade e defesa da vida”; e o lema é: “escolhe, pois, a vida”. Este tema assume importância sempre maior no Brasil e no mundo em vista das ameaças e agressões constantes à vida, o bem mais importante e precioso sobre a face da terra.

Nas suas múltiplas formas e manifestações, a vida é um bem impagável e indisponível; cada ser vivo manifesta, à sua maneira, a sabedoria e a insondável providência de Deus Criador. Não criamos a vida, mas temos o tremendo poder de destruí-la; e a destruição da vida pelo descuido e a imprudência humanas, ou pela ganância sistemática e cega, é ofensa ao Criador. Muitas formas de agressão ao ambiente, bem como a interferência leviana na natureza dos organismos vivos, coloca em sério risco a existência da muitos seres vivos, vegetais ou animais. Vem ao caso de perguntar: que tipo de mundo e ambiente estamos preparando para as gerações que virão depois de nós?!
Tratando-se da vida humana, as questões tornam-se ainda mais preocupantes. A pobreza extrema e a falta de políticas sociais adequadas deixam a vida humana exposta a situações de risco e precariedade. A violência endêmica e o crime organizado ceifam numerosas vidas humanas, lamentavelmente, muitas delas, em plena flor da juventude! Submetida à lógica do mercado e da vantagem econômica, a vida humana acaba valendo muito pouco. A degradação ambiental, a contaminação e poluição das águas e do ar, em conseqüência de políticas econômicas irresponsáveis, desencadeiam mecanismos que põem em risco a própria sobrevivência da vida no nosso planeta.

É impressionante o número de abortos clandestinos realizados todos os anos no Brasil. São seres humanos inocentes e indefesos rejeitados, aos quais é negada a participação no banquete da vida. E com os abortos clandestinos, tantas mulheres também perdem a vida, em conseqüência de abortos mal-feitos. Legalizar o aborto seria a solução, para salvar a vida de muitas mulheres? É o que alguns pretendem. Mas essa solução seria trágica, cruel e imoral, pois ambas as vidas são preciosas, tanto mais, quanto menos culpa têm a pagar. A vida da mãe e do filho precisa ser preservada. A solução é a educação para a maior valorização da vida humana e para comportamentos sexuais conseqüentes com a grande responsabilidade de transmitir a vida a um novo ser humano.

Ameaça não menos preocupante para a vida humana é a pretensão de legalizar a eutanásia, uma intervenção intencional e direta para suprimir a vida humana. O ser humano, desde o início da história, sempre teve a tentação de se tornar senhor absoluto da vida e da morte; claro, é pretensão dos fortes sobre os mais fracos. E isso não lhe trouxe nada de bom. Só Deus é senhor da vida, porque só ele é capaz de chamar do nada à existência e de dar plenitude à vida humana. Por isso escreveu no coração do homem esta ordem: “não matarás!”

Proteger, defender e promover a vida é tarefa primordial do Estado, sobretudo a vida indefesa e frágil, como a dos seres humanos ainda não-nascidos, das crianças, idosos, pobres, doentes ou pessoas com deficiência. É ação política por excelência, que não poderá orientar-se pela lógica do “salve-se quem puder”, que só beneficiaria os mais fortes; ela requer o envolvimento solidário de todos os cidadãos. A defesa da vida e da dignidade dos outros seres humanos contra toda forma de agressão, prepotência ou aviltamento interessa a toda a família humana; é manifestação suprema de fraternidade.

O lema – “escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19b) – é tomado do livro do Deuteronômio. O povo hebreu, beneficiado pela ação libertadora e salvadora do Deus da vida, é colocado por Moisés diante da grave alternativa: escolher a vida e um futuro esperançoso para si e seus descendentes, permanecendo fiel aos mandamentos de Deus, ou escolher a morte, andando por caminhos de idolatria e servindo a “deuses” fabricados para a própria conveniência. Isso vale para a globalidade das decisões humanas: nossas escolhas têm conseqüências sobre a vida e o futuro. A escolha livre e responsável do respeito aos mandamentos de Deus e do seu desígnio de vida significa bênção, esperança, futuro. O desprezo ao desígnio do Deus da vida e seus mandamentos traz a desgraça, a morte.

Esta é a grande questão posta pela Campanha da Fraternidade de 2008, que será ocasião para refletir sobre a complexa problemática que atinge a vida sobre a terra, em especial, a vida humana. Está em jogo o futuro da vida na Terra, nossa casa comum, e de todos os seus habitantes. Uma solução responsável só poderá ser solidária e fraterna, no pleno respeito ao desígnio de Deus Criador e Senhor da vida.
16.09.2006

O QUE SIGNIFICAM AS CINZAS?

O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.
O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas". O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz : "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".
Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.

Bênção e imposição das cinzas no início da Quaresma(Quarta-feira de cinzas)

Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:
Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "você é pó, e ao pó voltará" (Gn 3, 19).
Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Muitas comunidades sem padre assumiram esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavra.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl 102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando a atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal, comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas.